A análise de conteúdo…Inicialmente pensei na subjectividade deste tipo de tratamento de dados.

Bardin (1977) considera três fases da análise do conteúdo e organiza-as cronologicamente:

1) a pré-análise

            1.a – Leitura flutuante

            1.b – Escolha dos documentos

            1.c – Preparação do material

            1.d – Referenciação dos índices e a elaboração de indicadores

2) a exploração do material

3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação

 

Após a realização de entrevista, foi feita a transcrição da mesma. A actividade seguinte constou no preenchimento de uma matriz de análise de conteúdo, cuja grelha foi disponibilizada pelo professor.

 O “arranque” para o preenchimento foi complicado. consultei trabalhos, pesquisei sobre o assunto e com os esclarecimentos do professor  às dúvidas dos colegas, fez-se luz (pensei).

A minha dificuldade inicial foram os temas e as categorias…Os temas? Sim, porque se a temática era a opinião dos entrevistados sobre as redes sociais, então que faria eu às características do perfil do meu entrevistado? Decidi que tudo o que ram temáticas muito distintas, seriam temas diferentes. Com o apoio de recursos sugeridos pelo professor, achei que me sentia mais segura com o preenchimento da matriz de conteúdo.

O passo seguinte, foi a troca de matrizes. Troquei com a Catarina Oliveira e sugeri algumas alterações Às unidades de registo.

Para finalizar o processo de análise, voltámos às nossas entrevistas e refizemos os foram revistas as análises anteriores e as sugestões dos colegas.

Optei por colocar todas as etapas desta actividade num só documento ” Analise entrevista_MariaFrancisco” para melhor organização do meu percurso temático.

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O debate sobre o trabalho realizado, com a aplicação de entrevista e a análise de conteúdo.

Em forum forum discutidas, foram discutidas algumas questões que mereceram atenção especial.

De acordo com as contribuições dos colegas e com o que se me pareceu relevante das minhas leituras e reflexões, deixo alguns desses aspectos que coloquei em forum.

Questões colocadas para reflexão:

1- Cuidados a ter durante a realização da entrevista

2- Como ultrapassar entrevistados pouco cooperantes ou muito divergentes

3- Dificuldades em estabelecer/rever as categorias de análise

4- Como garantir que não estamos a sobrepor a nossa “voz” à dos entrevistados qd fazemos a análise

A reflexão a estas questões, sem dúvida que não são de resposta pronta e com as muitas contribuições dos colegas, há sempre necessidade de acrecentar algi de novo, além da opinião pessoal.

Assim, apresento algumas das minhas intervenções que considero que representam consolidação de conhecimento quanto à temática.

Q1: As entrevistas podem caracterizar-se por aspectos distintos que já foram referidos no fórum, tanto ao nível do espaço físico, desenvolvimento da acção e da interacção entre os intervenientes. Kitwood (1997) tem três concepções de entrevista, cujas definições são:

1- meio potencial de transferência de informação e colecta pura.

2- operação que inevitavelmente contém alguma tendência inicial, que deve ser reconhecida e controlada.Cada participante, na entrevista, irá definir a situação de uma forma particular. Este facto pode ser gerido através da construção de controlos no projecto de pesquisa, por exemplo, com a existência de um grupo de entrevistadores com atitudes ou posições diferentes. A entrevista será melhor entendida em termos de uma teoria da motivação, que reconhece uma série de factores não racionais que regem o comportamento humano, como emoções, necessidades inconscientes e as influências interpessoais. Kitwood salienta que estes dois pontos de vista, na entrevista, contemplam as características inerentes às operações interpessoais, como se fossem “potenciais obstáculos para a pesquisa e, portanto, devem ser eliminados, controlados, ou pelo menos aproveitados de alguma forma”.

3- encontro necessariamente de partilha de características da vida quotidiana. O que é necessário, de acordo com esta visão, não é uma técnica para lidar com o preconceito, mas uma teoria da vida quotidiana que tem em conta as características relevantes das entrevistas. Estes podem incluir role-playing, estereótipos, percepção e entendimento.

Para a terceira concepção de entrevista, Cicourel (1964) enumera cinco das características problemáticas que inevitavelmente podem ocorrer:

 

1 – muitos factores que, inevitavelmente, diferem de uma entrevista para outra, tal como a confiança mútua, distância e controlo social do entrevistador.

2 – O entrevistado pode sentir-se desconfortável e adoptar tácticas de evasão, se o interrogatório for muito profundo.

3 – Tanto entrevistador e entrevistado têm o poder para decidir o que querem dizer.

4 – Muito do que pode ser claro para um dos envolvidos não o será para outro mesmo existindo boa comunicação.

5 – Não é possível, tal como no quotidiano, trazer todos os aspectos de um modo racional e controlado.

Q1 e Q2: Relativamente às duas primeiras questões que o professor indicou,  e na sequência das contribuições dos colegas, partilhei alguns aspectos que considerei quando realizei a entrevista.

Em primeiro lugar (e nada de inovador quanto ao que aqui já foi escrito), alguns dos meus procedimentos foram:

– o tempo, espaço e equipamento utilizado foram acordados com a entrevistada

– iniciei a entrevista, explicando-a e apresentando o guião

– privilegiei o desenvolvimento das respostas

– estive atenta às expressões da entrevistada

– para evitar divergências sobre a temática, e de forma consciente, também usei expressões de anuência.

Um aspecto que me fez reflectir e na sequência do tema anterior (4ª parte), sobre a utilização de  entrevistas, refere-se a uma das etapas de construção do guião de entrevista que é sua validação. Para uma entrevista eficaz, deve-se,  realizar um pré-teste para possível ajuste do guião ou até mesmo para maior “controlo” da entrevista por parte do entrevistador. Na entrevista que fiz, considero que me teria sido proveitoso tê-la como o pré-teste com o qual, provavelmente, alteraria algumas questões e até, mesmo, o meu papel/atitude como entrevistador .

Q2: Na tentativa de acrescentar valor ao muito que os colegas têm escrito, deixo alguns aspectos que sobressaíram de documentos que pesquisei, sobre o assunto em epígrafe.

Em “Methods in educational research” (2006), Lodico, Spaulding e Voegtle, sugerem que conduzir uma boa entrevista requer algumas qualidades, bem como saber usá-las. Entre outros, um dos pontos críticos na condução de uma boa entrevista é a escolha da(s) pessoa(s) certa(s).

As pessoas a entrevistar podem ser observadas e escolhidas e, à semelhança do que aconteceu, com a nossa actividade a escolha não foi aleatória ou pelo menos não era um requisito para que o fosse.

Por vezes mudar as palavras numa questão ou o modo como se a coloca pode fazer toda a diferença. Outra forma de manter o controlo da entrevista será colocar sub-questões abertas e inesperadas que mantenham o entrevistado na expectativa da intenção do entrevistador.

Q3: Indicadores/unidades de registo:

Depois de ler o que já constava em forum, também me questionei sobre a situação em que existissem bastantes entrevistas para análise.

Das leitura que fiz, fico com a ideia de que a actividade que realizámos ainda que minimalista no número de entrevistas por entrevistador e a posterior análise e troca, serve como exemplo para uma dimensão maior.

A necessidade de categorização é a tradução do sentido dos dados, que estão correctamente definidas e operacionais, de forma que outro analista fizesse a mesma análise ou semelhante.

Para este tipo de análise qualitativa, são recomendados processos de validação e objectividade, mas o mais comum, é precisamente, a colaboração de colaborador externo (inter-codificador). Estes inter-codificadores, que podem ser um ou dois, devem ter conhecimento do sistema de categorias e dos critérios em análise e devem proceder a nova categorização de  uma amostra aleatória em estudo (não à totalidade já analisada pelo investigador).

Podem ser usadas fórmulas para testar a fidelidade dos resultados, como a apresentada por Daval (1963) e Vala (1986).

Referência: Amado,J. (2000). A técnica de Análise de Conteúdo.

Q4: Sem dúvida ao nível da análise da informação disponível após a realização da entrevista e codificação dos dados, há a fase interpretativa que é apoiada no trabalho que a antecede.

Levanta-se a questão sobre até que nível devem chegar as interpretações dos dados codificados. Clapier-Valladon (1980) refere que “Para um investigador, a análise nunca está acabada, suficientemente completa. As zonas de sombra inquietam-no tanto quanto o sentido escondido e o mais fundamentado das suas deduções, mas a marcha da análise é limitada pelas possibilidades práticas”. Devem ser tidos em conta a problemática, os objectivos de estudo, etc.

Krippendorf (1990) propõe um padrão de referência para a análise de conteúdo (ver figura abaixo) onde esta é uma construção realizada pelo analista. Também refere que os dados estão dissociados da fonte e das condições contextuais originais e são comunicados unidireccionalmente ao analista que os situa num contexto construído por ele, baseando-se no que conhece das condições circunstanciais e no que deseja conhecer face aos objectivos em análise.

Por estas razões, a análise de conteúdo deve representar características reais e a sua representação deve ser verificável.

Quanto a software informático, consultei o ATLAS.ti e ainda assim, o cuidado será sempre de quem introduz os dados. Gostaria, no entanto, de ter testado melhor este sw.

 

(figura retirada de http://www.esenfc.pt/esenfc/rr/index.php?id_website=3&d=1&target=DetalhesArtigo&id_artigo=2049&id_rev=5&id_edicao=20

Referências :

(Recursos disponibilizados na UC)

Amado,J. (2000). A técnica de Análise de Conteúdo.

Content analysis: an introduction to its methodology http://goo.gl/H3F6c (consultado em Janeiro de 2011)

http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/…/QUALIAulaAnalisedeConteudo.ppt (consultado em Janeiro de 2011)

http://www.esenfc.pt/esenfc/rr/index.php?id_website=3&d=1&target=DetalhesArtigo&id_artigo=2049&id_rev=5&id_edicao=20 (consultado em Fevereiro de 2011)



http://www.questia.com/library/book/research-methods-in-education-by-louis-cohen-lawrence-manion-keith-morrison.jsp (consultado em Fevereiro de 2011)